Carnaval e Frevo
"Ao contrário do que se imagina, a origem do carnaval brasileiro é totalmente européia. A comemoração carnavalesca data do início da colonização, sendo uma herança do entrudo português e das mascaradas italianas. Somente muitos anos mais tarde, no início do século XX, foram acrescentados os elementos africanos, que contribuíram de forma definitiva para o seu desenvolvimento e originalidade.
Foi, portanto, graças a Portugal que o entrudo desembarcou na cidade do Rio de Janeiro, em 1641. O termo, derivado do latim "introitus" significava "entrada", "começo", nome com o qual a Igreja denominava o começo das solenidades da Quaresma. No entanto, as festividades do entrudo já existiam bem antes do Cristianismo, eram comemoradas na mesma época do ano e serviam para celebrar o início da primavera. Com o advento da Era Cristã e a supremacia da Igreja Católica, passou a fazer parte do calendário religioso, indo do Sábado Gordo à Quarta-feira de Cinzas.
Tanto em Portugal, como no Brasil, o Carnaval não se assemelhava de forma alguma aos festejos da Itália Renascentista; era uma brincadeira de rua muitas vezes violenta, onde se cometia todo tipo de abusos e atrocidades. Era comum os escravos molharem-se uns aos outros, usando ovos, farinha de trigo, polvilho, cal, goma , laranja podre, restos de comida, enquanto as famílias brancas divertiam-se em suas casas derramando baldes de água suja em passantes desavisados, "num clima de quebra consentida de extrema rigidez da família patriarcal".
Foi esse Carnaval mais ou menos selvagem que desembarcou no Brasil com as primeiras caravelas portuguesas e os primeiros foliões.
Com o passar do tempo e devido a insistentes protestos, o entrudo civilizou-se, adquiriu maior graça e leveza, substituindo as substâncias nitidamente grosseiras por outras menos comprometedoras, como os limões de cheiro (pequenas esferas de cera cheias de água perfumada) ou como os frascos de borracha ou bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha. Estas últimas foram as precursoras dos lança-perfumes introduzidos em 1885.
No tocante à música, tudo ainda era muito precário; o entrudo não possuía um ritmo ou melodia que o simbolizasse. Apenas a partir da primeira metade do século XIX, com a chegada dos bailes de máscaras nos moldes europeus, foi que se pôde notar um desenvolvimento musical mais sofisticado...
"Antologia Musical Popular Brasileira – As Marchinhas de Carnaval" Roberto Lapiccirella
A palavra frevo
A palavra Frevo nasceu da linguagem simples do povo e vem de "ferver", que as pessoas pronunciavam "frever". Significava fervura, efervescência, agitação. Frevo é uma música genuinamente pernambucana do fim do século XIX - acredita-se que sua origem vem das bandas de música, dobrados e polcas. Segundo alguns é a única composição popular no mundo onde a música nasce com a orquestração. Os passos da dança simbolizam uma mistura de danças de salão da Europa, incluindo passos de ballet e dos cossacos.
A dança originou-se dos antigos desfiles quando era preciso que alguns capoeiristas fossem à frente, para defender os músicos das multidões, dançando ao ritmo dos dobrados. Assim nascia o Passo. Os dobrados das bandas geraram o Frevo, que foi assim chamado pela primeira vez em 12/02/1908, no Jornal Pequeno.
Pode-se dizer que o frevo é uma criação de compositores de música ligeira, especialmente para o Carnaval. No decorrer do tempo a música ganhou um gingado inconfundível de passos soltos e acrobáticos. A década de trinta foi um marco para dividir o ritmo em Frevo-de-Rua, Frevo-Canção e Frevo-de-Bloco
Nos anos 30, com a popularização do ritmo pelas gravações em disco e sua transmissão pelos programas do rádio, convencionou-se dividir o frevo em FREVO-DE-RUA (quando puramente instrumental), FREVO-CANÇÃO, (este derivado da ária, tem uma introdução orquestral e andamento melódico, típico dos frevos de rua) e o FREVO-DE-BLOCO. Este último, executado por orquestra de madeiras e cordas (pau e cordas, como são popularmente conhecidas), é chamado pelos compositores mais tradicionais de marcha-de-bloco (Edgard Moraes, falecido em 1974), sendo característica dos "Blocos Carnavalescos Mistos" do Recife.
músicas - frevo de bloco
Sua origem está ligada a serenatas promovidas por rapazes animados. Sua orquestra é composta de Pau e Corda. Frevos-de-bloco famosos: Valores do passado, Evocação número um, Saudade, dentre outros.
Hino do Galo da Madrugada
(Professor José Mário Chaves)
Ei pessoal, vem moçada
Carnaval começa no Galo da Madrugada (BIS)
A manhã já vem surgindo,
O sol clareia a cidade com seus raios de cristal
E o Galo da madrugada, já está na rua, saudando o Carnaval
Ei pessoal...
As donzelas estão dormindo
As flores recebendo o orvalho matinal
E o Galo da Madrugada
Já está na rua, saldando o Carnaval
Ei pessoal...
O Galo também é de briga, as esporas afiadas
E a crista é coral
E o Galo da Madrugada, já está na rua
Saldando o Carnaval
Ei pessoal...
Eu quero mais
(Bráulio de Castro e Fátima Castro)
O carnaval passou findou-se a folia
Mas a saudade, em mim ficou,
Ainda ouço os teus guizos de alegria
Alegorias, de um grande amor
Recolho trechos de canções e harmonia
Costuro sonhos com os restos de cetim
Relembro as luzes que brilhavam
No teu rosto
E o teu corpo junto a mim
Eu quero mais amar
Eu quero mais cantar
Eu quero mais, as ladeiras de Olinda
Eu quero mais paixão
Meu bloco que se fez canção
Porque pra mim o carnaval não finda.
(bis)
Valores do Passado
(Edgard Moraes)
Bloco das flores, Andaluzas, Cartomantes
Camponeses, Após Fum e o bloco Um dia Só
Os Corações Futuristas, Bobos em Folia,
Pirilampos de Tejipió
A Flor da Magnólia
Lira do Charmion, Sem Rival
Jacarandá, a Madeira da Fé
Crisântemos Se Tem Bote e
Um Dia de Carnaval
Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Bebé
Os queridos Batutas da Boa Vista
E os Turunas de São José
Príncipe dos Príncipes brilhou
Lira da Noite também vibrou
E o Bloco da Saudade,
Assim recorda tudo o que passou.
O Bom Sebastião
(Getúlio Cavalcanti)
Quem conheceu Sebastião
De paletó na mão
E aquele seu chapéu
Por certo está comigo crendo
Que ele está fazendo carnaval no céu
Maracatu de Dona Santa
Nunca mais encanta
Ele já se foi
Cadê o seu frevar dolente
Seu andar descrente
Seu Bumba-meu-boi
Ai!... Ai!... Adeus, adeus Emília
Eu vou pra Brasília
Ele Assim falou
Meu carnaval vai ser bacana
Com a Mariana ele comentou
Por fim chegou a Manuela
Ele disse é ela
Minha inspiração
E assim cercado de carinho
Disse adeus sozinho
O Bom Sebastião
Terceiro Dia
(José Menezes - Geraldo Costa)
Na madrugada do terceiro dia
Chega a tristeza e
Vai embora a alegria
Os foliões vão regressando
E o nosso frevo, diz adeus a folia
A noite morre, o sol vem chegando
E a tristeza vai aumentando
A gente sente uma saudade sem igual
Que só termina
Com um novo carnaval
Evocação n.1 (Nelson Ferreira)
Felinto... Pedro Salgado...
Guilherme...Fenelon...
Cadê teus Blocos famosos?
Bloco das Flores... Andaluzas...
Pirilampos... Após Fum...
Dos carnavais saudosos!
Na alta madrugada
O coro entoava
Do bloco a marcha-regresso
Que era o sucesso
Dos tempos ideais
Do velho Raul Moraes
Adeus, adeus, minha gente
Que já cantamos bastante...
E Recife adormecida
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia...
Evocação n.2 (Nelson Ferreira)
O apito tocou, o acorde soou,
A orquestra vai tocar a introdução...
E em saudação a Chiquinha Gonzaga...
Ô abre-alas que eu quero passar...
Recife, neste carnaval
Rende homenagem
Ao sambista brasileiro BIS
A Noel, Sinhô e Chico Alves,
Aos ranchos e escolas do Rio de Janeiro
Maior foi a geração
De Lamartine, o grande campeão
O corso na avenida
Confetes a granel
Batalhas lá em Vila Izabel!
Recife, cantando evocou
Os seus heróis de antigos carnavais
E vem exaltar toda a glória
Dos cariocas, brasileiros imortais!
Evocação N. 3 (Nelson Ferreira)
Cadê Mário Melo?
Partiu para a eternidade,
Deixando na sua cidade
Um mundo de saudade sem igual!
Foliões, a nossa reverência
A sua grande ausência
Do nosso carnaval...
De braços para o alto,
Cabelos desgrenhados,
Frevando sem parar
Lá vem Mário!
Defendendo Vassourinhas,
Pão Duro, Dona Santa,
Dragões, Canidés,
Lá vem Mário!
Com ele já se abraçaram,
Felinto, Pedro Salgado,
Guilherme e Fenelon...
E no palanque
Sem fim lá do espaço
Lá está Mário a bater palmas
Para o frevo e para o passo.
Sabe Lá Ké Isso João Santiago)
Eu quero entrar na folia, meu bem
Você sabe lá o que é isso
Batutas de São José, isso é
Parece que tem feitiço
Batutas tem atrações que,
Ninguém pode resistir
O frevo desses que faz,
Demais a gente se distinguir
Deixe o frevo rolar
Eu só quero saber
Se você vai brincar
Ah! meu bem sem você
Não há carnaval
Vamos cair no passo e a vida gozar
música - frevo canção
No fim do século passado surgiram melodias bonitas como a marcha número um do Vassourinhas, atualmente convertida no hino oficial do carnaval recifense. É constituído por uma introdução forte de frevo, seguida de canção, concluindo novamente com frevo.
Eu quero mais (Nilzo Nery)
Depois do Eu Acho é Pouco
Vou sair no EU QUERO MAIS
Eu quero mais
Quero mais, quero mais
Amigo (a) vamos nessa
Eu não vou ficar atrás
Eu quero mais,
Quero mais, quero mais
A turma já está cantando,
O frevo está aquecendo,
A sopa está esquentando
EU QUERO MAIS está fervendo.
frevo de rua
O frevo-de-rua é composto de uma introdução geralmente de 16 compassos seguindo-se da chamada "resposta", de igual número de compassos, que por sua vez antecede a segunda parte, que nem sempre é uma repetição da introdução. Divide-se o frevo-de-rua, segundo terminologia usada entre músicos e compositores, em frevo-de-abafo (chamado também frevo-de-encontro) onde predominam as notas longas tocadas pelos metais, com a finalidade de diminuir a sonoridade da orquestra do clube rival; frevo-coqueiro, uma variante do primeiro formado por notas curtas e agudas, andamento rápido, distanciando-se, pela altura, do pentagrama; o frevo-ventania é de uma linha melódica bem movimentada, na qual predominam as palhetas na execução das semicolcheias, ficando numa tonalidade intermediária entre o grave e o agudo; o terceiro tipo, no qual trabalham os novos compositores, é o chamado frevo-de-salão que é um misto dos três outros tipos e, como o nome está a dizer, é justamente como o frevo-ventania, executado única e exclusivamente nos salões, por explorar muito pouco os metais da orquestra, em favor da predominância das palhetas.
Para o musicólogo Guerra Peixe , in Nova história da Música Popular Brasileira - Capiba, Nelson Ferreira (Rio, 1978), é "o frevo a mais importante expressão musical popular, por um simples fato: é a única música popular que não admite o compositor de orelha. Isto é, não basta saber bater numa caixa de fósforos ou solfejar para compor um frevo. Antes de mais nada o compositor de frevo tem de ser músico. Tem que entender de orquestração, principalmente. Pode até, não ser um orquestrador dos melhores, mas, ao compor, sabe o que cabe a cada seção instrumental de uma orquestra ou banda. Pode, inclusive, não ser perito em escrever pautas, mas, na hora de compor, ele sabe dizer ao técnico que escreverá a pauta, o que ele quer que cada instrumento faça e em que momento. Se ele não tiver esta capacidade musical não será um compositor de frevo".
frevo do capote
HINO OFICIAL DO CAPOTE DA MADRUGADA
O Bloco Carnavalesco CAPOTE DA MADRUGADA é composto por Pernambucanos e
Piauienses, e é mantido pela Assoc. dos Pernambucanos e Amigos Piauienses na
Cidade de Teresina (Piauí). O nosso site é: http://geocities.yahoo.com.br/capotedamadrugada
Compositores:
Fábio Nóbrega (Piauí)
Teófilo Lima (Piauí)
Mário Aragão (Pernambuco)
Romero Soriano (Pernambuco)
Interprete:
Teófilo Lima
Gravação:
Stúdio do Roraima em Teresina (PI)
LETRA:
Capote na Madrugada
Piauízando todo o País
Capote da Madrugada
Pernambucanamente Feliz
O Capote não dorme de noite, de dia, na madrugada
Sai pra namorar bicar as capotinhas
Diz que vai ciscar em toda Teresina
E que só termina quando o sol raiar
Capote na Madrugada
Piauízando todo o País
Capote da Madrugada
Pernambucanamente Feliz
O som do "P" do Pernambuco
Ë o mesmo som do "P" do Piauí
Capibaribe, Beberibe, Parnaíba e Poty
Se lá tem Pitomba e Jambo
Aqui tem Cajú e Pequi
Capote na Madrugada
Piauízando todo o País
Capote da Madrugada
Pernambucanamente Feliz
Fonte de informação:
Mário Aragão - Pres. da ASPEAPI - Assoc. dos Pernambucancos e Amigos
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